Informação policial e Bombeiro Militar

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Bandidos que resgataram traficante já tinham desafiado a polícia



POR FELIPE FREIRE

Rio - O resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, de dentro da 25ª DP (Engenho Novo), terça-feira, não foi a primeira demonstração da ousadia de traficantes da região com a Polícia Civil.

A audácia do ‘bonde’ de Manguinhos, Mandela e Jacarezinho foi evidenciada em fevereiro, em confronto com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), quando um agente foi baleado. Na época, 12 homens da Core iniciaram patrulhas no entorno das comunidades, a pedido da Chefia de Polícia, para coibir roubos de carros e a livre circulação de homens armados nas vias.


Após a invasão à 25ª DP para resgatar preso, policiais fizeram operações em favelas de Manguinhos, mas não conseguiram localizar bando | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Após o episódio, as rondas não foram mais feitas.Caso as patrulhas ainda existissem, poderiam ter dificultado, por exemplo, o trânsito do comboio até a delegacia para resgatar DG. “Em fevereiro, foram uns 50 bandidos atirando por uma hora de todos os lados. Eles sabiam que a equipe estava encurralada”, contou um policial da Core amigo de André Ximenes, 42, a vítima.

Para o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio, José Paulo Pires, o fato contribuiu para ações mais ousadas do bando. Em fevereiro, equipe da Core flagrou um homem armado de moto. Após perseguição, o criminoso largou o veículo e correu para dentro de Manguinhos.

No local, policiais foram atacados, e o agente, baleado. A equipe foi retirada em blindado da PM. No contra-ataque, um suspeito foi preso. Procurada, a Chefia de Polícia não falou sobre o assunto ontem.

Após o resgate do preso na 25ª DP, o sindicato encaminhará pedidos à Chefia de Polícia Civil e à Secretaria de Segurança para que sejam instaladas câmeras no perímetro das delegacias, com monitoramento interno. Entre os dez bandidos apontados, inicialmente, pela polícia como integrantes do bando, está um homem que usa prótese na perna. Ontem, mais dois foram identificados.

Na noite de quarta-feira, homem que integraria o tráfico no Jacarezinho morreu na troca de tiros com policiais da 77ª DP (Icaraí) na Favela do Viradouro, em Niterói. O delegado Mário Luiz da Silva não descarta a possibilidade de o bando ter fugido da favela do Rio para escapar das buscas da polícia, após o resgate de DG.

Vídeos desacatam a polícia e comemoram resgate de DG

Dois dias após o resgate de DG, vídeos insultando a polícia e mostrando o poder bélico do tráfico das favelas de Manguinhos e Mandela foram divulgados ontem no Youtube.

A gravação postada por um homem identificado como ‘Luciano do Youtube’ comemora a liberdade de DG e exalta o chefão na comunidade Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto. Agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática abriram inquérito para identificar os autores.

No dia da invasão à 25ª DP, ligação do irmão de DG, Luan de Sousa Feitosa, para o advogado Marco Ferreira, foi um indício para a polícia suspeitar de que o segundo teria informado ao bando a cela em que o traficante estava. O advogado foi preso.

Com o reforço no policiamento, mulher de 27 anos foi detida ontem em ônibus na Linha Amarela. Ela seguia com drogas do Jacarezinho para a Cidade de Deus.

Perneta na 25ª DP

Sem perna, mas com disposição para afrontar a Polícia Civil. Apontado como um dos 15 homens que invadiram a 25ª DP (Engenho Novo) armados com fuzis e metralhadoras israelenses, para resgatar o DG, Luiz Antônio Andrade, o Toinho, usa uma prótese ortopédica em formato de coxa esquerda, canela e pé.

Segundo policiais, ele também é conhecido como Perneta. A trajetória de Toinho ou Perneta começou a ser alvo da polícia em 2004. Ele respondeu a processo por porte ilegal de arma, mas acabou absolvido na 35ª Vara Criminal. Cinco anos depois, ele respondeu ainda por tráfico de drogas na 38ª Vara Criminal, mas também foi absolvido.

Desde o ano passado, o acusado da invasão à delegacia responde por tráfico de drogas na 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias. De acordo com investigações da Polícia Civil, Toinho é responsável pela embalagem de pedras de crack na Favela de Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste, mas também costuma ficar baseado na comunidade de Mandela, no Complexo de Manguinhos.

Investigações revelam que o criminoso só sai da favela de moto, acompanhado de comparsas. Ontem, na tentativa de recapturar DG e prender os invasores, agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) fizeram batidas em favelas da Zona Oeste.

Colaborou Adriana Cruz

Fonte: o Dia

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