Um acidente de trânsito envolvendo o juiz aposentado José Carlos Remígio, na madrugada desta sexta-feira (26), na orla da Ponta Verde, em Maceió , revoltou algumas pessoas que estavam no local. O veículo em que o magistrado estava bateu em uma viatura da Força Nacional (FN). Segundo testemunhas, Remígio estava embriagado e mesmo assim foi liberado e deixou o local dirigindo seu carro.
Um vídeo que mostra uma conversa entre o juiz aposentado, o policial da Força Nacional que dirigia a viatura e um militar à paisana momentos após o acidente foi enviado ao G1 . Nas imagens, o militar, que não foi identificado, afirma que Remígio estava embriagado. O juiz fala para o militar se afastar e diz que chamou o policial da FN para conversar e resolver a questão, mas ele não quis.
De acordo com as testemunhas, o magistrado seguia pela avenida no sentido Ponta Verde/Jatiúca quando perdeu o controle do carro. O veículo bateu na viatura e chegou a subir no canteiro que fica às margens da pista. “Dava para perceber que o condutor estava embriagado, mas mesmo assim, quando perguntaram se ele iria fazer o bafômetro, policias da Força Nacional disseram que não”, contou uma testemunha, que pediu para não ser identificada.
Segundo as testemunhas, vários policiais estiveram no local do acidente e alguns deles sabiam que o motorista era um juiz. “As pessoas que presenciaram a cena ficaram revoltadas porque se não fosse um juiz eles teriam feito o bafômetro. Uma pessoa que estava lá disse que viu o juiz bebendo em um restaurante minutos antes do acidente”, expôs a testemunha.
A reportagem do G1 conversou com o comandante da Força Nacional em Alagoas , capitão Edson Gondim, e ele confirmou que houve o acidente, mas disse que não tinha muita informação sobre o caso. “Conversei com o policial que estava na viatura e ele disse que tudo foi resolvido. Ele informou que o BPTran esteve no local e que também foi feita a perícia do Detran”, falou.
Sobre a denúncia de que o juiz aposentado estaria embriagado e deixou o local em seu veículo por ordem de policiais da FN, o comandante disse que desconhece essa informação, mas que isso será apurado.
O  Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) informou na tarde desta sexta-feira (26) que não há registro do acidente no relatório deixado pela equipe que estava de plantão na madrugada.
A assessoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) disse que não poderia passar informação sobre os registros de acidente, mas disse que se alguma pessoa se sentiu prejudicada ou deseja denunciar a atitude dos peritos deve procurar a ouvidoria do órgão.   
Juiz nega embriaguez 

Por telefone, o magistrado confirmou que o acidente aconteceu, mas negou que estivesse embriagado. Ele falou que houve danos materiais e que seu seguro assumiu as despesas com o conserto da viatura.
“Em nenhum momento tentei retirar minha culpa. Disse ao policial que o erro foi meu porque entrei errado na pista e que iria resolver o problema. Eu não fugi e assumi o que me coube no acidente. Não estou negando o que aconteceu, mas acho que estão supervalorizando um acidente simples”, falou.
Carro do magistrado foi parar na ciclovia após acidente

Remígio disse que em nenhum momento falou aos policiais que era um magistrado e que, contrariando a filmagem, não chegou a ser cogitado no local que ele tivesse ingerido bebida alcoólica. “O trabalho dos policiais e da perícia foi feito e se eu fui liberado é porque eles perceberam que eu não estava embriagado”, ressaltou.
Passagem pela polícia 
Remígio foi acusado de agredir a então namorada Cláudia Granjeiro em dezembro de 2009. Ele chegou a ficar 15 dias detido por ter sido preso em flagrante. Antes da libertação, Remígio teve um habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em maio de 2010, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) aprovou por unanimidade o afastamento das funções por 90 dias do juiz. E em 2011, o TJ/AL determinou a aposentadoria compulsória do magistrado. Ele ainda tentou recorrer da decisão, mas teve o pedido negado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).