Mais de um ano após os policiais militaresMarco Aurélio de Santi Adriano Simões da Silva terem sido executados em São Carlos e Araraquara (SP), as famílias ainda não receberam a indenização do Estado. Segundo o advogado que acompanha os dois casos, o pagamento para a família de Silva depende de trâmites legais após a recente regulamentação da lei que estende as indenizações. Já no caso de Santi, um recurso pede a revisão do resultado de uma sindicância sobre a morte do soldado. O Comando Regional da Polícia Militar (PM) não comentou o caso, por correr em segredo de Justiça.

O soldado Marco Aurélio de Santi, de São Carlos, e o sargento Adriano Simões, de Araraquara, foram mortos entre os dias 14 e 16 de setembro de 2012, durante uma onda de atentados contra policiais militares no Estado de São Paulo. Os dois estavam de folga de suas funções na PM e faziam segurança particular quando foram assassinados. Após as mortes, o governador Geraldo Alckmin prometeu estender a indenização aos casos em que o policial tenha sido morto em decorrência da sua atividade policial, mesmo fora de serviço.
Segundo o advogado Adriano dos Santos, que acompanha o caso dos dois policiais militares, a família do sargento Adriano Simões aguarda os trâmites legais após a regulamentação no dia 14 de setembro da lei 14.984, de abril de 2013, que estende o seguro, que agora é de R$ 200 mil, para aposentados, temporários e policiais vítimas de ações criminosas em decorrência da função que exercem.

A relação entre o assassinato de Simões com sua função foi comprovada por sindicância da Polícia Militar, em inquérito da Polícia Civil e em denúncia feita pelo Ministério Público. “O inquérito policial em Araraquara foi feito junto com a sindicância da PM e havia nexo causal entre a morte e a função de sargento”, explicou o advogado Adriano dos Santos. “A ordem dos criminosos era matar qualquer policial e o Adriano estava mais fácil”, disse.Dez suspeitos de envolvimento no crime foram presos e deverão ser julgados em breve pela morte e por envolvimento com o crime organizado.

Divergência 
Entretanto, a mesma relação não foi observada pela sindicância da Polícia Militar de São Carlos, o que dificulta o recebimento da indenização pela família. “O resultado da sindicância apontou que não havia relação do crime com o trabalho do Marco Aurélio de Santi na PM, porque não foi levada em consideração a denúncia da promotoria e da Polícia Civil”, comentou o advogado.

Ainda segundo Santos, escutas telefônicas obtidas pelo Ministério Público em interceptações da Polícia Civil podem comprovar a relação do crime. “Nas ligações obtidas logo depois da morte em São Carlos os criminosos falam que a ‘casa já estava alugada’ e que esperavam ‘alugar’ outra em Araraquara, e depois disso o sargento foi morto em Araraquara”, disse Santos. Segundo o advogado, “alugar casa” significa matar um policial.
Irmã diz que indenização é para defender a integridade do PM
O advogado vai entrar com um recurso na próxima semana pedindo a revisão do resultado da sindicância da PM, com base nessas informações. O Comando Regional da Polícia Militar não comentou o resultado da investigação alegando que o caso corre em segredo de Justiça.

Reconhecimento do trabalho 
Marco Aurélio de Santi foi policial por 24 anos e a família aguarda que o Estado reconheça o seu trabalho. “Não estamos atrás do dinheiro, queremos que se lembrem do homem que ele foi e do que ele fez por São Carlos , defendendo sua integridade”, comentou a irmã dele, Ana Valéria de Santi. Em junho, a Prefeitura de São Carlos inaugurou uma praça na cidade em homenagem ao soldado.
As mortes 
O policial militar Marco Aurélio de Santi, de 43 anos, foi assassinado na manhã de 14 de setembro, em São Carlos (SP). Ele estava de folga e levou seis tiros quando estava em seu carro, na Vila Jacobucci. Desde o início das investigações a Polícia Civil suspeitava de execução.

Segundo a PM, o policial Marco Aurélio de  Santi foi surpreendido por dois homens que efetuaram os disparos. Ele saiu do carro para pedir ajuda e chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas morreu no caminho para a Santa Casa.
Um dia depois, o sargento Adriano Simões, de 36 anos, e foi executado com 17 tiros. Ele estava de folga e fazia segurança particular em um mercado no Parque São Paulo e foi baleado nas costas por dois homens e morreu no local.
Segundo a PM, testemunhas disseram que dois homens armados apareceram no local em que ele trabalhava e efetuaram os disparos no policial, que estava saindo para pegar sua moto.