A Assembleia do Largo, coletivo criado em julho de 2013 com o objetivo de ser interlocutor dos movimentos populares, divulgou nota nesta sexta-feira (24) sobre as duas mortes ocorridas em decorrência do confronto entre policiais e manifestantes no protesto de 6 de fevereiro nas imediações da Central do Brasil — a do cinegrafista Santiago Andrade, atingido na cabeça por um rojão, e o idoso Tasman Accioly, atropelado ao tentar sair do fogo cruzado. O comunicado, assinado por coletivos populares, aponta que a repressão policial foi determinante para as duas fatalidades e destaca que o conflito foi iniciado pela força policial.
A nota ressalta que os dois protestos anteriores ao de 6 de fevereiro transcorreram sem muitos transtornos porque não houve repressão policial. "Diferentemente das duas ocasiões anteriores, a polícia dispersou a multidão de forma truculenta, com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, que foram amplamente utilizadas contra todos os que se encontravam nas imediações da Central do Brasil naquele momento, sendo estes manifestantes, usuários do transporte e mesmo transeuntes desavisados."

A Assembleia do Largo enfatizou que as manifestações populares pela redução da tarifa de ônibus serão mantidas e que a repressão aos atos “só vão produzir as condições para que a violência se agrave ainda mais no futuro”.

Pela tarifa zero 
De acordo com a Assembleia do Largo, o movimento Passe Livre RJ tem como foco agora a luta pela revogação do aumento de 9,09% na tarifa de ônibus e redução imediata para o valor de R$ 2,50, conforme recomendado por técnicos do Tribunal de Contas do Município que destacaram a má qualidade do transporte e pouca clareza na prestação de contas das empresas como justificativa para reduzir o valor da passagem. Porém, o coletivo enfatiza que o foco maior é a abertura de um amplo debate sobre a tarifa zero do transporte público municipal.

Aliciamento em manifestações 
Também em coletiva nesta sexta, o presidente do PSTU no RJ, Cyro Garcia, negou as denúncias de aliciamento de jovens em manifestações violentas. As acusações foram levantadas pelo advogado de Caio Silva de Souza e Fábio Raposo, indiciados pelo homicídio do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade .
“Repudiamos, categoricamente, a acusação de que o PSTU pode estar vinculado a financiamento de militantes nos protestos. Isso é exatamente o oposto do que nós fazemos", afirmou. Garcia destacou ainda que o partido é contrário à postura do movimento black bloc. "Nós achamos que não é por esse tipo de ação que vamos conseguir mudar as coisas”, disse.