Informação policial e Bombeiro Militar

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Militarismo na Polícia e a violência estatal


Militarismo na Polícia e a violência estatal

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A semana que termina – e o ano político que se inicia – foram marcados em Fortaleza por mais um confronto no qual a Guarda Municipal usa contra manifestantes força desproporcional em relação ao risco que os ativistas representam. A esse respeito, vale observar entrevista publicada no domingo passado pelo jornal O Estado de S.Paulo. O entrevistado foi Paul Chevigny, professor emérito da Escola de Direito da New York University, autor do clássico Poder da Polícia, Abusos Policiais em Nova York (1969), entre outros livros. A pedido da organização Human Rights Watch, ele estudou a estrutura de segurança no Brasil. Produziu o estudo Abusos Policiais no Brasil (1990) e, em seu O Fio da Navalha - Violência Policial nas Américas, dedicou um capítulo à Polícia de São Paulo. Sobre a forma de policiar manifestações sem violência, ele explica: “Acredito que a Polícia deva ser mais competente na coleta de informações, na inteligência. Monitorar uma multidão, tirar fotos, se forem autorizadas, identificar quem está se misturando a um protesto para se aproveitar e começar um quebra-quebra. E, da próxima vez, a Polícia pode isolar os violentos”.

Ele aborda, porém, um dos aspectos cruciais do problema por aqui: essa ação sem violência exige muito trabalho prévio e formulação intelectual. Enquanto usar a força, meter bomba, spray de pimenta e bala de borracha pode ser algo de impulso. É problema da natureza da atuação policial. “(...) isso é trabalho intenso”, explica, sobre o método que defende. “Não dá para policiar uma manifestação, se surpreender com a violência e sair prendendo indiscriminadamente. O protesto seguinte vai ser pior, os manifestantes vão ter mais raiva da Polícia e se tornar alvo da violência”. É a descrição do que se dá no Brasil a cada ato.

NO CERNE DA CRISE, O MODELO MILITAR
Chevigny aponta como maior problema do modelo brasileiro o fato de a Polícia ser militarizada. “É a mentalidade militar, de reagir à violência com violência, ou como eu tanto ouvia, ‘acabar com os vagabundos’.” Tal perspectiva vai além da instituição e se enraíza mesmo na população. “Parte da população espera que o controle social seja feito através da violência. Quando fazia pesquisa no Brasil, perguntava: ‘E o problema da violência policial?’ Cientistas sociais respondiam: ‘Ninguém se importa’.” E ele acrescenta: “Violência policial não é um tema de protesto social no Brasil. Quantas vezes ouvi ‘ladrão tem que morrer’.”
Chevigny acrescenta que, na segurança, é como se a violência institucional fosse encarada de forma diferente. “Apesar da democracia, a noção da sociedade liberal não parece se estender ao policiamento. Então, quando a polícia mata a sociedade encara isso como um preço a pagar. É absurdo. O dever da polícia é proteger e salvar vidas, não ser dura”.

Ele aponta agravante: a desconfiança generalizada de que a lei no Brasil não se aplica a todos do mesmo modo. Ele cita o próprio exemplo de quando desenvolveu a pesquisa. “A Polícia sabia que eu era adversário dela, estava lá para investigar seu trabalho e eles me tratavam muito bem. Afinal, eu era um ‘doutor’.”

PRESSÃO SOBRE EUNÍCIO
O ministro Aloizio Mercadante (PT) e o vice-presidente Michel Temer (PMDB) participaram das negociações para fazer Eunício Oliveira (PMDB) desistir da candidatura a governador. Ele resiste, mas quem conversa com ele já o sentiu mais seguro da candidatura.

O RETORNO ECONÔMICO DA COPA
A coluna comentou ontem o retorno dos gastos na Copa. A esse respeito se manifestou, via assessoria, o secretário Ferruccio Feitosa. Ele defende que os investimentos são voltados a demanda que já existia. E argumenta que, sem a Copa, essas obras - necessárias - provavelmente demorariam muito a sair. Lá isso é verdade, mas é uma lástima que se admita que é preciso um evento internacional para que se realizem obras que são necessárias para nós. Há aí uma baita distorção, que cabe ao povo resolver com seus governantes. Outro aspecto que pondero: ainda que necessárias, muitas das obras não eram prioritárias. Por exemplo: definitivamente, a rotatória do Castelão não era o ponto de trânsito com demanda de intervenção mais urgente na Capital. O redirecionamento de investimentos provocou inversão de prioridades, penso eu.
Mas prossegue Ferruccio. Sobre as reservas canceladas em hotéis, ele explica que elas haviam sido feitas por precaução e o desbloqueio de parte das delas já estava previsto em contrato. O mesmo ocorreu, segundo informa, em Copas passadas. Mesmo assim, pondera que a ocupação hoteleira, que foi de 95% na Copa das Confederações, deve ser maior em junho próximo.

Ele lembra que, no evento da Fifa no ano passado, foram 59 mil turistas, que injetaram R$ 145 milhões na economia local. Na Copa, a expectativa é de Fortaleza receber 264 mil, com possibilidade de injetar mais de R$ 450 mil. Valor que até tende a subir, pois o perfil da Copa das Confederações foi de um turista nacional maior. Agora a coisa vai equilibrar bem com os estrangeiros.

Bem, nesse particular, apenas pondero que o setor hoteleiro está menos otimista, embora, como disse ontem, sem ter feito por onde.

ESTALEIRO
Caros leitores, iniciarei tratamento de saúde e, por isso, vou ficar fora por uns dias. Mas não comemora ainda. Se tudo der certo e escapar vivo e inteiro, volto antes do Carnaval.


Fonte: O Povo

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