Morreu nesta terça-feira (4) o tenente da Polícia Militar que estava internado no Hospital São Rafael, em Salvador, há 49 dias, quando passou mal durante teste físico para participação no Curso de Operações Policiais Especais (Copes). Ele, que tinha 30 anos, é a terceira pessoa que morre das quatro que tiveram mal-estar na ocasião.
O hospital informou que ele sofreu falência múltipla de órgãos por volta das 15h40. "Todos os esforços foram tomados para a manutenção da vida do tenente da Polícia Militar da Bahia" afirmou, em nota, a unidade de saúde
A pedido do G1 , a Polícia Militar divulgou nota de pesar e informou que a vítima ingressou na corporação há seis anos. O tenente era lotado na Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE) Cerrado. Ainda não há informações sobre o enterro. De acordo com a PM, o inquérito está na fase de conclusão e a Corregedoria aguarda os resultados dos laudos periciais.
Quatro pessoas passaram mal na prova de 10 km de corrida, no dia 16 de dezembro, sendo que dois deles morreram - os soldadosManoel Reis Freitas , de 34 anos, e Luciano Fiuza de Santana , 29 anos. Ao todo, 67 policiais militares participaram da prova, realizada no quartel do Batalhão da Polícia de Choque, em Lauro de Freitas, na região metropolitana da capital.
Imagens divulgadas pela própria PM mostram algumas etapas do teste: alongamento, prova e atendimento a um dos PMs que morreu. Em entrevista ao G1 , o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, informou que o curso foi suspenso por tempo indeterminado.
Caso inédito, diz PM 
"A previsão era de que a segunda fase tivesse início no de 3 [de janeiro de 2014]. Por questão de precaução, suspendemos o curso. Desses 67 que fizeram a prova, somente quatro perderam. Infelizmente, foram aqueles que passaram mal. Então, temos 63 aptos pra iniciar o curso e dar continuidade, mas isso já está comprometido", afirmou.
O comandante voltou a afirmar que todos os policiais que participaram da prova passaram por uma bateria de exames e estavam aptos a realizar o teste. Segundo ele, nas seis edições já foram realizadas, nenhum policial havia passado mal.
"Não esperávamos que isso acontecesse. O homem que foi para lá já foi preparado. Teve um teste que antecedeu esse, em que eles tiveram que fazer 4 km em uma média de 17 minutos. Dessa vez, ele ia percorrer 10 km em 60 minutos. Não é um teste de quem chegar primeiro, é um teste de condicionamento físico. Não é disputa. É uma tropa, todos correm juntos", disse.
Alfredo Castro também falou sobre a "pressão psicológica" e destacou a capacidade que os policiais devem ter para lidar com diferentes situações. "Existem mecanismos, ensinamentos, que você tem que estar sob pressão para dar resposta. Vou dar um exemplo. Em situações de refém, temos o gerenciador de crise, que é o cara que vai para lá e fica negociando. Se ele não tiver certo controle, comete coisas que não devem ocorrer. Ele tem que ter o preparo necessário para responder a isso. O policial que é do Comando de Operações Especiais tem que ser bom atirador. Ele pode salvar vidas com um tiro.Não pode ser psicológicamente uma pessoa mal preparada. A pressão psicológica talvez faça parte do curso", explicou.
Policial passou mal durante prova de corrida
Investigação 
O coronel Alfredo Castro afirmou que a previsão é de que o inquérito seja encerrado em 40 dias. "Nós estamos trabalhando em todas as vertentes. Primeira vertente da etapa, alguns procedimentos que foram tomados, se houve negligência ou imprudência dos nossos coordenadores e instrutores do curso. E a outra vertente é a causa da morte dos policiais", pontua.
Principal suspeita 
O secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Maurício Barbosa, disse que perícia vai averiguar se os quatro policiais militares tomaram alguma substância para melhorar o condicionamento físico. Barbosa disse ainda que será investigado se houve excessos no processo seletivo.
"A gente está investigando se foi algum excesso na seleção, porque, na verdade, eles não estavam ainda no programa de treinamento, estavam se habilitando para isso. Mas uma coisa nós sabemos: que para se habilitarem a este tipo de atividade, eles precisam entregar alguns exames médicos e estes exames comprovavam que tinham capacidade para fazer aqueles exercícios. Estamos estudando e o resultado da perícia vai ser fundamental para dizer se tomaram algum tipo de medicação, algum tipo de substância para melhorar o condicionamento físico. Isto tudo vai ser avaliado e depois disso vamos emitir parecer, e até, se for o caso, a modificação na forma de ingresso destes policiais nas Forças Especiais", disse Maurício Barbosa.
O Copes é um curso destinado a capacitar policiais às atividades de operações especiais de alto risco. Segundo a Polícia Militar, "todo candidato se inscreve voluntariamente e é obrigado por força de edital a realizar uma bateria de exames médicos de ordem laboratorial e cardíacos, e ainda apresentar atestado médico indicando estar apto para a realização de testes de esforço físico".
Momento em que PMs recebem orientação
PMs correm juntos em prova realizada em Lauro de Freitas