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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Policiais da Força Nacional relatam ‘improviso’!

Policiais da Força Nacional relatam ‘improviso’ para cuidar de 20 mil índios


Thalyta Andrade
Força Nacional de Segurança Pública está presente nas aldeias Tey' Kue, Bororó e Jaguapiru (Foto: Marcello Casal Jr/EBC)Força Nacional de Segurança Pública está presente nas aldeias Tey' Kue, Bororó e Jaguapiru (Foto: Marcello Casal Jr/EBC)

Thalyta Andrade
Desde outubro de 2011 a Força Nacional de Segurança Pública está presente em Mato Grosso do Sul, sendo responsável por garantir a ordem nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados e também na aldeia Tey’kue, no município de Caarapó, ambas na região Sul do Estado.
Consideradas áreas de tutela federal, as aldeias indígenas convivem com os problemas de segurança que dia pós dia elevam os índices de criminalidade em meio a comunidade.
Somente na Bororó e Jaguapiru, são 15 mil indígenas que diariamente têm de lidar com uma rotina de insegurança e violência que é fruto, principalmente, do consumo excessivo de álcool e drogas e da ausência de políticas públicas de combate.
Estado e a União negam, mas não estão presentes como deveriam dentro dessas comunidades, que fazem parte do país assim como todo o restante da população. Essa é a conclusão de lideranças indígenas, que acusam insuficiência no trabalho da Força Nacional e ausência dos governos no combate a violação de direitos.
Para se ter uma ideia de como a segurança nas aldeias é negligenciada, atualmente são oito policiais da Força que trabalham no zelo pela integridade de mais de 20 mil indígenas, considerando a população da Jaguapiru (oito mil), Bororó (sete mil) e Tey’Kue (seis mil). Esse grupo se reveza em plantões de 24h/48h, com um dia de sobreaviso, quatro de prontidão e um de serviço, circulando em duas viaturas.
Dourados News conversou com alguns desses policiais, que relataram a realidade de dificuldade em ter uma área de responsabilidade grande frente a um efetivo verdadeiramente pequeno.
 
Demanda grande de ocorrências e efetivo pequeno estabelecem cenário de insuficiência, como acusam lideranças indígenas (Foto: Arquivo/Osvaldo Duarte)Demanda grande de ocorrências e efetivo pequeno estabelecem cenário de insuficiência, como acusam lideranças indígenas (Foto: Arquivo/Osvaldo Duarte)
“É complicado. É muita gente, um terreno com muitas dificuldades de locomoção e uma demanda grande principalmente por conflitos que começaram por causa de bebida e drogas, que são os motivos que observamos nas ocorrências aqui. Geralmente são conflitos familiares no âmbito doméstico, com violência elevada”, disse um policial, que preferiu não ser identificado.
A Força Nacional é composta por policiais militares de vários Estados. Um militar que atuou numa grande capital do país, disse que no comparativo, o trabalho nas aldeias é menos complicado. O que o torna “difícil” é realmente o efetivo insuficiente.
“Por várias vezes estamos lá em Caarapó [localizado a uma distância de 50 quilômetros de Dourados] e há uma ocorrência em Dourados tão grave quanto. A liderança liga, mas até chegarmos lá a situação pode ter saído do controle e ocasionado em algo mais grave. Eu lidava com tráfico em uma cidade onde tinha dezenas de homicídios por dia. Aqui a situação é menos pior, mas o que nos complica é que somos poucos para lidar com muitos conflitos. Nos desdobramos como podemos”, relatou.
O curioso é que, exposto aos olhos de quem puder ver, mais de 10 viaturas da Força Nacional encontram-se estacionadas na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Dourados. Diante disso, a pergunta é: porque os veículos que poderiam reforçar o patrulhamento nas aldeias não circulam?
“Trabalhamos com duas viaturas que, por conta do terreno bastante prejudicado da Reserva, acabam arriando por várias vezes. A viatura que circula hoje não será a que vai estar na rua amanhã”, relatou um policial. No entanto, questionado se o rodízio precisava ter mais de 10 viaturas à disposição, o policial admitiu que não. “Realmente poderia ter mais viatura circulando e isso ia ajudar muito”.
Procurado pelo Dourados News, o coordenador regional da Funai em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, se limitou a dizer que a Força não tem qualquer relação com a instituição.
“Não posso falar nada a respeito do trabalho desses policiais porque não são subordinados a Funai. Apenas cedemos o espaço para que as viaturas fiquem aqui”, declarou Nishijima, que sequer quis confirmar a quantidade de viaturas que hoje estão ‘guardadas’ na sede da Funai.
A Força Nacional veio para Mato Grosso do Sul em 2011 inicialmente em apoio a ações desenvolvidas pela Polícia Federal nas aldeias e, posteriormente, por força de decisão judicial que determinou a permanência do efetivo no Estado para garantia da ordem e segurança dentro das aldeias. O grupo de policiais que hoje atua nessas três aldeias da região Sul do Estado permanece por aqui por tempo indeterminado.
Fonte: Douradosnews

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