Informação policial e Bombeiro Militar

terça-feira, 8 de março de 2016

Governador do RS tem de fazer mais ganhando menos! A afirmação revoltou os policiais.



Policiais rebatem Sartori e afirmam ser impossível fazer 'mais com menos'

MARCO QUINTANA/JC

Para Ortiz, não há como trabalhar na área sem garantir investimentos
Para Ortiz, não há como trabalhar na área sem garantir investimentos

Isabella Sander

O pedido do governador do Estado, José Ivo Sartori, de que os policiais "façam mais com menos" é impossível de se cumprir. Pelo menos, é o que afirmam representantes do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm), do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado (Sinpol/RS) e da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho - Brigada Militar (Abamf).
Segundo o presidente do Ugeirm, Isaac Ortiz, na segurança pública, só se faz "mais com menos" se o termo se refere a mais homicídios, criminalidade, roubo de veículos e tragédias. "Não há como trabalhar, na segurança pública, sem investimentos. É como na saúde: é uma área cara, mas, se não investir, vira um caos. Não aceitamos esse papinho, é uma balela de quem não quer tomar as rédeas da segurança pública. Ele (Sartori) está aí há mais de um ano e ainda não mostrou a que veio", critica.
Apesar de o governo do Estado celebrar a realização de grandes operações, os números apresentados no dia 1 de março no Diário Oficial do Estado (DOE) apresentam redução, entre o segundo semestre de 2014 e o mesmo período de 2015, em muitas ações policiais. A quantidade de prisões em flagrante feitas pela Brigada Militar diminuiu 28%. As inspeções de locais tiveram redução de 26,3%. O policiamento ostensivo nas ruas, por sua vez, foi 29,3% menor. Ao mesmo tempo, o policiamento em locais de diversão pública caiu 30% e, nos estabelecimentos de ensino, 26,8%. A Polícia Civil, por sua vez, fez 21,6% menos flagrantes e instaurou 14,5% menos inquéritos cujas vítimas eram mulheres.
O motivo para isso, conforme Ortiz, é a falta de 2,5 mil policiais militares e 650 policiais civis no quadro da corporação. "Ainda por cima, estamos há dois meses sem receber diárias e horas-extras. Agora, parece que conseguiram dinheiro para nos pagar. Que bom, mas é preciso entender que, quando um policial vai fazer uma operação, precisa estar com a vida tranquila, sem preocupações com seu aluguel", observa. O Estado deve R$ 1 milhão em horas-extras, relativas a janeiro e fevereiro. Os policiais civis anunciaram, na quarta-feira, o início de uma operação padrão.

Sindicalista propõe 'reforma total' no sistema de segurança pública


Para o vice-presidente do Sinpol/RS, Emerson Ayres, a área da segurança pública depende obrigatoriamente de investimentos em material humano para ser fortalecida. "Ao mesmo tempo em que o governador elogia as nossas operações, mostra descaso, ao não pagar as horas extras. Mesmo assim, seguimos exercendo nossas funções. A criminalidade só não é maior devido ao comprometimento dos policiais", pondera.
A situação, porém, pode mudar. "Desde o início do governo Sartori, procuramos um diálogo propositivo, mas não estamos tendo retorno. Nossa categoria se encontra em um momento muito delicado devido a isso. Começamos um movimento, respeitando a legislação, que vai trazer alguns prejuízos à sociedade gaúcha. Vamos avançando, e pode, sim, aumentar a paralisação, em dias pré-determinados", avisa.
Ayres sugere a divisão da verba destinada à segurança pública entre os quatro entes - Brigada Militar, Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias (IGP) e Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) -, e não à Secretaria de Segurança Pública (SSP). "A solução talvez passe por uma reforma total, colocando os chefes de polícia para falarem diretamente com o governador, sem intermédio do secretário de Segurança Pública. É preciso encurtar os espaços para diálogo, para logo encontrarmos as soluções", observa.
Na opinião do secretário-geral da Abamf, Ricardo Agras, a visão de Sartori é "totalmente distorcida e pobre para um governador do Estado". "Se não se paga horas extras, não tem gente para trabalhar. Se não se compra ou se faz a manutenção das viaturas, não há como rodar pelas ruas. Os dados do DOE mostram que o arrocho salarial, a falta de pagamento de horas extras e o déficit de 2,5 mil servidores da Brigada Militar fazem a capacidade da corporação diminuir", ressalta.
Hoje, há 14,8 mil policiais militares no Rio Grande do Sul, o que significa um para cada 73 mil gaúchos. De acordo com o sindicalista, nunca se teve tão pouco efetivo, proporcionalmente.  

http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2016/03/geral/485584-policiais-rebatem-sartori-e-afirmam-ser-impossivel-fazer-mais-com-menos.html

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